Um fóssil de uma lula com um dente de pterossauro embutido nele oferece evidência extraordinária de uma batalha no mar com 150 milhões de anos. Enquanto muitos fósseis de pterossauros contendo escamas e espinhas de peixe em seus estômagos revelaram que alguns destes répteis voadores incluíam peixes em sua dieta, o novo achado da Alemanha é a primeira prova de que os pterossauros também caçavam lulas.
O fóssil foi escavado em 2012 no Solnhofen Limestone, perto de Eichstättin Bavaria, onde foram encontrados muitos fósseis de pterossauros do Período Jurássico, pequenos dinossauros e a mais antiga ave conhecida, Archaeopteryx. O ambiente da região na época era algo como as Bahamas de hoje, com ilhas baixas salpicadas de mares rasos e pouco profundos.
O dente encaixa no tamanho e forma certos para o pterossauro Rhamphorhynchus, relatório dos paleontólogos online em 27 de Janeiro em Relatórios Científicos. Eles argumentam que o dente foi deixado por um pterossauro que se precipitou na superfície do oceano para capturar a lula de 30 centímetros de comprimento do extinto gênero Plesioteuthis, mas não teve sucesso, possivelmente porque a lula era muito grande ou muito baixa na coluna d’água para que o predador conseguisse.
“A lula Plesioteuthis arrancou-a e escapou, quebrando pelo menos um dente do pterossauro, que ficou alojado em manto”, diz Jordan Bestwick, paleontólogo da Universidade de Leicester na Inglaterra. “Este fóssil é importante para nos ajudar a entender a gama alimentar de Rhamphorhynchus, e nos fala sobre seu comportamento de caça”.
O fóssil em si é único, de acordo com a pesquisadora pterossauro Taíssa Rodrigues da Universidade Federal do Espírito Santo em Vitória,Brasil, que não estava envolvida no estudo. “É muito raro encontrar interações predador-presa que incluam os pterossauros”, diz ela. “Nos poucos casos que temos,os pterossauros foram presas de peixes grandes. Por isso é ótimo ver isso do outro lado”.
O paleontólogo Michael Habib da Universidade do Sul da Califórnia em Los Angeles diz que suspeita que a lula era muito grande para o pterossauro tirar da água. “O pterossauro teve sorte que o dente se partiu”, diz Habib, que não estava envolvido com o estudo. “Uma lula desse tamanho provavelmente poderia tê-lo puxado para baixo.”