“Para ganhar confiança, dinheiro e poder não são suficientes; você tem que mostrar alguma preocupação com os outros. Você não pode comprar confiança no supermercado”. – Sua Santidade o Dalai Lama
Adam Berry/Bloomberg News
Existem apenas algumas forças elementares que mantêm o nosso mundo unido. Aquela que é a cola da sociedade é chamada de confiança. Sua presença cimenta as relações permitindo que as pessoas vivam e trabalhem juntas, se sintam seguras e pertençam a um grupo. A confiança em um líder permite que organizações e comunidades floresçam, enquanto a ausência de confiança pode causar fragmentação, conflito e até mesmo guerra. É por isso que precisamos confiar em nossos líderes, nossos familiares, nossos amigos e colegas de trabalho, embora de maneiras diferentes.
A confiança é difícil de definir, mas sabemos quando ela está perdida. Quando isso acontece, nós retiramos nossa energia e nosso nível de compromisso. Fazemos uma greve interna, não querendo ser solidários com a pessoa que sentimos que nos magoou ou nos tratou erroneamente. Podemos não mostrar isso externamente, mas é menos provável que digamos à pessoa de confiança anterior que estamos chateados, que partilhemos o que é importante para nós ou que cumpramos os nossos compromissos. Como resultado, nós nos afastamos dessa pessoa e não nos sentimos mais parte do seu mundo. Essa perda de confiança pode ser óbvia ou um tanto escondida – principalmente se fingirmos estar presentes, mas nos desengajarmos interiormente. E aqueles que fizeram algo para perder nossa confiança podem nem mesmo saber disso.
No lado positivo, a confiança faz com que as pessoas se sintam ansiosas para fazer parte de um relacionamento ou grupo, com um propósito compartilhado e uma vontade de depender uns dos outros. Quando a confiança está intacta, contribuiremos voluntariamente com o que é necessário, não apenas oferecendo nossa presença, mas também compartilhando nossa dedicação, talento, energia e pensamentos honestos sobre como o relacionamento ou grupo está funcionando.
Uma definição de dicionário de confiança é “sentir-se seguro quando vulnerável”. Quando dependemos de um líder, membro da família ou amigo, podemos nos sentir vulneráveis, e precisamos de confiança para administrar a ansiedade desse sentimento. Quando a confiança está presente, as coisas vão bem; mas quando a confiança se perde, o relacionamento está em risco.
Se o nível de confiança é baixo em um relacionamento ou organização, as pessoas limitam seu envolvimento e o que estão dispostas a fazer ou compartilhar. Elas podem pensar para si mesmas: “Isto é tudo o que você merece” ou “Isto é tudo o que eu estou disposto a dar”. Em contraste, quando o nível de confiança é alto, as pessoas recompensam-no dando mais. Mas, na maioria das vezes, as pessoas sentem que a sua desconfiança não é segura para partilhar. Assim, um líder ou pessoa querida pode ser lento a descobrir que perdeu a confiança de uma pessoa.
A ocultação e a natureza pessoal da confiança pode ser um problema para relacionamentos, equipes ou organizações. Como você pode consertar algo que não é expresso ou compartilhado? Como você sabe sequer que a confiança se perdeu? Paradoxalmente, deve haver pelo menos um pouco de confiança para discutir sua falta e fazer tentativas de reconstruí-la, enquanto que se a perda de confiança continuar sem ser tratada, o relacionamento crescerá cada vez mais distante.
A confiança está muitas vezes relacionada à liderança e ao poder, mas não é um dado adquirido. Para ser eficaz, um líder deve ganhar a confiança dos seus constituintes para garantir a sua participação e lealdade. De facto, qualquer relacionamento de sucesso – quer seja de líder para seguir, consultor ou treinador para o cliente ou o relacionamento entre cônjuges, irmãos e amigos – depende de um nível de confiança que deve ser conquistado. No entanto, mesmo a confiança que se ganha pode ser rapidamente perdida e não pode ser recuperada rapidamente. Se os membros de uma equipe ou relacionamento perdem a confiança um no outro, é preciso muito trabalho para restaurá-la. As pessoas não são rápidas a reinvestir em um relacionamento onde a confiança foi quebrada. Elas geralmente avançam.
Seis blocos de construção de confiança
Desde que a confiança é tão importante tanto no trabalho como nas relações pessoais, como podemos monitorá-la, construir sobre ela e curá-la quando ela se torna desgastada? É útil ver a confiança como uma resposta natural a certas qualidades em uma pessoa, grupo ou organização, e a ausência dessas qualidades diminuirá o nível de confiança. Essas qualidades são:
- Confiabilidade e Confiabilidade: Uma pessoa ou grupo que é fiel à sua palavra e cumpre os seus compromissos encoraja a confiança.
- Transparência: As pessoas estão ansiosas por desconhecidos e tendem a assumir o pior quando não estão informadas sobre um novo desenvolvimento. Quando a gerência se reúne em segredo ou não compartilha informações importantes, os membros da equipe podem facilmente se tornar desconfiados. Por outro lado, quando as pessoas compartilham seus pensamentos, sentimentos e considerações, ou quando uma organização, geralmente através de seu líder, diz a seus membros o que está acontecendo, todos sabem onde estão e a confiança pode florescer.
- Competência: Este é outro elemento central para a construção da confiança. Se você acha que uma pessoa, líder ou organização não é capaz de fazer o que deve fazer, você não pode confiar nela. Portanto, mesmo quando uma pessoa tem um bom coração ou boas intenções e nós gostamos dela pessoalmente, ela não pode ganhar a nossa confiança se não for capaz de fazer o que promete.
- Sinceridade, Autenticidade e Congruência: As pessoas podem muitas vezes sentir quando alguém diz algo que não está alinhado com o que está a sentir por dentro. Quando um líder é insincero ou inautêntico, as pessoas não acreditam no que ele ou ela está dizendo. Um líder que diz uma coisa, mas que age de forma diferente, não é congruente. Por exemplo, é difícil acreditar em alguém que diz que quer ouvir mas não lhe dá a chance de falar, ou alguém que diz que está preocupado com as pessoas, mas parece ter um plano para despedir as pessoas. As pessoas podem pensar que podem esconder seus verdadeiros sentimentos ou contradições, mas outros podem rapidamente detectar uma falta de sinceridade ou congruência. É aí que a confiança é corroída.
- Equidade: Algumas pessoas agem como se as necessidades e desejos dos outros não fossem importantes, ou não ouvem ou respeitam verdadeiramente ambos os lados. A confiança não pode crescer numa relação em que se trata de uma pessoa ou num local de trabalho onde toda a energia está focada na empresa ou líder.
- Abertura e Vulnerabilidade: Se uma pessoa nunca diz que está errada e pede desculpa ou reconhece os seus erros, as outras pessoas não se sentem confortáveis em discordar deles ou em partilhar os seus próprios pensamentos. Um líder que “nunca está errado” nunca obtém a verdade dos outros. No entanto, um pedido de desculpas ou admissão oportuna de estar errado é uma arma poderosa para construir ou reconstruir a confiança.
Todas estas qualidades contribuem para o grau de confiança que as pessoas têm umas pelas outras. Se você está sentindo uma mudança de confiança em um relacionamento, é útil avaliar a presença ou ausência de cada uma dessas seis qualidades. Isto permite-lhe descobrir o que falta no relacionamento e encontrar formas de restaurar a confiança. Para construir ou reconstruir a confiança, um líder deve abrir a conversa sobre o grau em que cada uma das seis qualidades está presente e estar aberto para ouvir o que os outros sentem, observam e precisam. Naturalmente, o líder precisará de alguma confiança nos outros para iniciar este processo.
Simplesmente, é preciso coragem numa relação familiar ou pessoal para trazer à tona a perda de confiança e para solicitar que outra pessoa modifique seu comportamento. Isto pode levar a aprender que você também precisa olhar para o seu próprio comportamento. A confiança é uma via de mão dupla, construída pelo comportamento de cada pessoa no relacionamento.
Restaurar a confiança que foi perdida ou quebrada
A confiança é muitas vezes perdida quando nos sentimos feridos pela ação de outra pessoa e acreditamos que essa ação (ou inação) foi intencional. Mas ao compartilhar nossos sentimentos com a pessoa que nos machucou, podemos começar a ver as coisas de maneira diferente e perceber que sua intenção não era a que imaginávamos. Isto pode reparar a brecha rapidamente à medida que os mal-entendidos são desvendados e a comunicação se aprofunda. Pode ser difícil iniciar tal conversa; contudo, dada a tendência de nos retirarmos quando nos sentimos magoados. Ainda assim, uma pessoa que é capaz de fazer isso vai descobrir que está menos frequentemente ferida.
Da mesma forma, se sentirmos que fizemos algo para perder a confiança de outro, podemos procurar o outro e perguntar sobre o que aconteceu. É verdade, isso pode nos parecer estranho e arriscado – especialmente se alguém é um líder, pai ou pessoa de autoridade – e isso não é algo que vem naturalmente. Mas esta vontade de ser vulnerável pode, em última análise, levar a uma maior confiança porque a outra pessoa sente que sua própria vulnerabilidade e necessidades estão sendo respeitadas.
As dinâmicas de confiança são delicadas em relacionamentos importantes, e a perda de confiança pode ser cara – não apenas psicologicamente, mas também financeiramente e em termos de trabalho e subsistência. O que é útil lembrar é que a confiança é uma troca contínua entre as pessoas e não é estática. A confiança pode ser conquistada. Ela pode ser perdida. E pode ser recuperada.
Confira meu site.